27/05/10
Quem costuma fazer compras na Central de Abastecimento Alimentar de Pernambuco (Ceasa-PE) terá algumas surpresas. No próximo dia 16, a Ceasa abrigará a maior central de embalagens do Brasil. As obras para a implantação do empreendimento - que se chamará Central Miguel Arraes de Alencar e fornecerá caixas plásticas retornáveis e higienizadas – já estão quase concluídas. O projeto, desenvolvido por professores e alunos da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), através da Fundação Apolônio Salles de Desenvolvimento Educacional (FADURPE), busca adaptar o quarto maior centro atacadista do Brasil às normas exigidas pelos órgãos de fiscalização do Ministério da Agricultura Produção e Abastecimento (Mapa), do Ministério da Saúde e do Inmetro.
“Uma das principais metas do projeto é garantir maior qualidade nos alimentos comercializados na Ceasa, para que o consumidor leve para casa um produto saudável e dentro do padrão de higiene necessário ao consumo”, explicou o professor Luiz Andrea Fávero, responsável pelos estudos que deram origem ao centro. Quando estiver funcionando, a Central de Embalagens irá implantar um mecanismo de utilização de três tipos de caixas plásticas padronizadas na comercialização de hortifrutícolas que circulam pela Ceasa, buscando a eficiência no abastecimento dos produtos e a higienização das embalagens. A consequência direta disso é o aumento na qualidade e a segurança dos produtos para o consumo humano e maior eficiência no controle fitossanitário.
A adequação das embalagens e a qualidade das mercadorias comercializadas no Centro de Abastecimento de Pernambuco devem atender às normas previstas na legislação em vigor, que torna obrigatórios os itens: classificação de produtos agrícolas destinados ao consumo humano, embalagem dos produtos em caixas higienizadas, rótulo de identificação da origem do produto e o peso, embalagens que permitam o empilhamento e caixas retornáveis ou descartáveis, contanto que as retornáveis sejam higienizadas e esterilizadas e que as descartáveis sejam novas e usadas apenas uma vez.
Para viabilizar a ideia, Marcelo Loyo Filho, diretor da Vale Suprimentos, aceitou operar a central. Já no início deste ano a empresa obteve a concessão do projeto mediante pagamento do espaço físico utilizado no complexo Ceasa, com investimento em instalações, maquinário e custos operacionais em pessoal e insumos e a obrigação contratual de prestar um serviço conforme as exigências técnicas e de qualidade determinadas em contrato. “Esse é um projeto do futuro. Nós entramos com a higienização, mas estamos dentro de um conceito maior que é a segurança alimentar e a diminuição do desperdício”, reforçou Loyo.
O professor Luiz Fávero concorda. “Produtores e atacadistas vêm perdendo cerca de 20% da sua mercadoria devido à forma incorreta de manuseio dos produtos, aos fungos que aparecem nas caixas e às pragas que, muitas vezes, já vêm nas caixas e que contaminam as lavouras. Nossa meta é fazer com que esse número de perdas caia, pelo menos, para 5% e que aumente o controle de patógenos, que atingem as lavouras e a saúde humana”, ressalta.
Na prática, com o novo sistema, os caminhões que transportam as mercadorias só poderão entrar no Ceasa se estiverem carregados com produtos dentro das novas caixas higienizadas e padronizadas, conforme determina a legislação. O primeiro produto que seguirá as novas normas será o tomate. Caso o caminhão esteja só carregado com caixas, o motorista primeiro terá de deixá-las na Central de Embalagens, a fim de que sejam higienizadas e esterilizadas.
Nesse processo, os transportadores pagarão um valor fixo ainda não determinado pela limpeza de cada uma delas, e receberão um “vale-caixa”, limitando a quantidade de embalagens que foram deixadas para a limpeza e higienização. Na hora de retirar as caixas da Central de Embalagens, os comerciantes “pagam” com o vale-caixa que receberam, retiram suas caixas e recebem um certificado de higienização comprovando que aqueles recipientes estão dentro do padrão higiênico-sanitário exigido pela lei.
O projeto tem o incentivo financeiro do Governo do Estado e do Ministério de Desenvolvimento Agrário para o Centro de Comercialização dos Produtos da Agricultura Familiar que opera dentro da Ceasa. Os estudos para a normatização das caixas foram realizados por equipes do Departamento de Letras e Ciências Humanas e o Programa de Pós-Graduação em Administração e desenvolvimento da UFRPE. Romero Pontual, presidente da Ceasa, está empolgado com a novidade. “É um empreendimento grande, mas que trará muitos benefícios. Conversamos com os sindicatos e os produtores e todos estão animados com a perspectiva da padronização e do fim do desperdício. Claro que existe resistência, mas com o tempo iremos mostrar que a ideia é boa para todos”, completou.
Por Thatiana Pimentel
Da Redação do
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